Imprensa


"Jantar Janeiro 2013", in http://4horasamesa.blogspot.pt/, 16 de Março de 2013
“Julia Kemper: cor citrina, aroma frutado, vegetal e notas de madeira. Na boca mostra bom corpo, frescura e equilíbrio. Bom final, para uma apreciação global muito boa.”
 

“As visitas ao Sótão”, por João Paulo Martins, in Revista Expresso, 2 de Março de 2013


“O Dão Julia Kemper, moderno no estilo e pensado para consumidores que de velharias nem querem ouvir falar, não deixa de se fixar na tradição da região, combinando as quatro castas clássicas que sempre marcaram os vinhos do Dão no séucol XX: é uma combinação muitíssimo feliz, porque a estrutura da Touriga Nacional liga-se muito bem, por exemplo, com a elegância e a frescura do Jaen.(...)
Julia Kemper Tinto 2009
(…)
A aproximar-se do seu melhor, a fruta e a madeira estão agora em bom diálogo. Dica: Fino e elegante, será muito apreciado com grelhados de pouco tempero.”




“Os 50 melhores vinhos portugueses para Doug Frost”, in Revista de Vinhos, 09 de Novembro de 2012


“Desafiado pela ViniPortugal, o Master of Wine e Master Sommelier norte-americano avaliou vinhos portugueses e de acordo com a sua opinião elegeu os melhores vinhos portugueses para os EUA.
Doug Frost analisou cerca de 500 vinhos portugueses. Dentro desta selecção, propõe ainda 10 Best of the Best, uma identificação dos melhores entre os melhores dentro do leque degustado, e Top 10 Best Values, uma sugestão dos vinhos que melhor se adaptam ao mercado norte-americano e melhor podem cativar os consumidores, pela relação preço-qualidade.

O desafio lançado pela ViniPortugal a Doug Frost, para avaliar vinhos portugueses e compor a sua selecção dos melhores, foi o mote para o lançamento da iniciativa de selecção dos 50 melhores vinhos portugueses no mercado norte-americano, inspirado na iniciativa 50 melhores no Reino Unido, promovida pela ViniPortugal desde 2003 no mercado britânico, iniciativa que tem conseguido envolver diversas personalidades referência do mundo do vinho na valorização e consciencialização da qualidade dos vinhos portugueses.
Para Doug Frost, "Portugal tem experimentado um crescimento e reforço de posicionamento em toda a fileira mundial de vinho. A evolução dos vinhos portugueses nos últimos anos é uma prova da dedicação de Portugal em promover a qualidade dos seus vinhos e ainda prestigiar as suas castas e fortes tradições." Embora tenha uma longa relação com Portugal, pois prova vinhos portugueses há trinta e cinco anos e há mais de 25 anos que visita o nosso país, Doug Frost assume que reacendeu recentemente a paixão por Portugal e confessa-se surpreendido pelos vinhos portugueses.
A apresentação dos vinhos seleccionados, será no dia 24 de Janeiro, em Nova Iorque. A iniciativa contará com a presença e participação dos diversos produtores com vinhos seleccionados por Doug Frost.
(…)
2009 - Julia Kemper Wines, Touriga Nacional (…)”

"Tempo de brancos", por Rui Falcão, in Revista Fugas,

O tema é recorrente e acaba por regressar todos os anos logo aos primeiros dias de Primavera: é o retorno sazonal aos vinhos brancos. 
Por muito que se insista no tema, por muito que se tente exercer algum tipo de pedagogia no consumo de vinhos brancos ao longo de toda as estações do ano, a verdade é que a apetência pelos vinhos brancos redobra na Primavera, depois de meses de abandono em favor de vinhos tintos mais quentes e encorpados.
Nem mesmo o renascer mais que evidente dos vinhos brancos durante os dois últimos anos conseguiu contrariar a tendência para esquecer que existem vinhos brancos de Inverno capazes de suportar os pratos mais pesados da estação, vinhos mais sólidos e gordos, com estrutura suficiente para os dias frios que pediam pratos e vinhos mais robustos. Mas adiante que agora é tempo para falar dos vinhos mais frescos e ligeiros que já se adivinham nas prateleiras, brancos de colheitas recentes, maioritariamente do ano anterior, prontos a entrar em acção para refrescar os dias de calor e luz que se avizinham.
Quem diria que os vinhos brancos portugueses poderiam alcançar semelhante estatuto e qualidade? Quem diria que os vinhos brancos poderiam passar de parente pobre a tal patamar qualitativo, surpreendendo interna e internacionalmente com um estilo e personalidade que poucos suspeitavam poder ostentar? Quem diria que para além da região do Vinho Verde, de que sempre se soube ser uma região abençoada para os vinhos brancos, a Bairrada, Douro e Dão seriam igualmente poiso perfeito para vinhos brancos impressionantes, frescos e simultaneamente sérios e sedutores?
Quem diria que um país que acreditou, lamentou e jurou a pés juntos ter variedades brancas pouco interessantes, a anos-luz do carácter e idoneidade demonstrado pelas principais castas tintas iria mais tarde descobrir o potencial e alegria de castas tão extraordinárias e nobres como o Loureiro, Avesso, Encruzado ou Bical, para além do Alvarinho de quem já se sabia ser uma casta superior? Quem diria que mesmo nas regiões mais a sul, Alentejo, Setúbal, Lisboa e Tejo, de clima mais quente e fogoso, alegadamente menos propício para os vinhos brancos, também iriam nascer vinhos brancos frescos, minerais e tensos, sem o peso e o calor que em tempos se associavam ao sul de Portugal?
A evolução tem sido grande e hoje é fácil encontrar vinhos brancos extraordinários em todas as regiões do país, com essa alegria especial de por regra os vinhos brancos serem propostos a preços comedidos e mais atraentes que os vinhos tintos do mesmo patamar. No Vinho Verde é fácil destacar os vinhos Soalheiro e Quinta do Ameal, vinhos sérios e descontraídos, dois dos rótulos que melhor interpretam a natureza da região oferecendo um retrato perfeito do estilo e carácter das castas Alvarinho e Loureiro.
Mas na região o que não falta são vinhos brancos merecedores de destaque, com evidência para o Deu la Deu, nomeadamente na versão Grande Escolha, Quintas de Melgaço QM Alvarinho, Reguengo de Melgaço, Dona Paterna, Quinta da Lourosa, Alvaianas, Muros de Melgaço, Casa do Valle Grande Escolha, Quinta de San Joanne Superior, Afros Loureiro, Casa de Oleiros e esse verdadeiro ícone dos vinhos brancos nacionais que é o Muralhas de Monção, imagem de marca de uma das melhores relações qualidade/preço no mercado.
O estilo dominante no Douro mostra uma postura mais austera e vigorosa, encorpada e densa, revelando-se como berço de alguns dos brancos mais impressionantes de Portugal. Se vinhos como o Redoma Reserva branco saltam de imediato à memória em virtude de um percurso irrepreensível, muitos outros vinhos brancos menos conhecidos merecem igual respeito e notoriedade.
Entre muitos outros há que salientar os poderosos e austeros Dona Berta Garrafeira e Dona Berta Vinha Centenária Reserva, vinhos pouco mediatizados mas a merecer prova atenta. E depois segue-se um rol de rótulos magníficos, como o injustamente pouco comentado Duas Quintas Reserva, um branco a todos os níveis impressionante, Guru, Maritávora Grande Reserva, Ázeo, Passadouro, Pó de Poeira e uma novidade da Niepoort que vai espantar quem tiver a sorte de o poder provar, o Coche, um branco que vai sobressaltar muitas almas e que em prova cega passaria facilmente por um grande branco da Borgonha.
A Bairrada, curiosamente conotada como região de vinhos tintos duros e ríspidos, é uma das denominações portuguesas com melhor potencial nos vinhos brancos, como o comprovam o Encontro 1, Luis Pato Vinha Formal e esse grande monumento nacional que é o Quinta das Bágeiras Garrafeira, a que se somam dois vinhos brancos das cercanias da denominação, o Foz de Arouce branco e o Buçaco branco, dois brancos espantosos que infelizmente são pouco conhecidos em Portugal.
Finalmente a região do Dão, a terra do Encruzado, casta que apesar de excepcional e completa ganha com a participação da Malvasia Fina no lote, o complemento perfeito para as muitas virtudes do Encruzado. Os rótulos de referência abundam, começando pelos clássicos como Quinta dos Roques Encruzado até às apostas mais recentes como o Julia Kemper, passando por nomes afamados como Quinta dos Carvalhais Encruzado, Vinha do Contador, Quinta das Marias Encruzado, Pedra Cancela, Primus e Quinta do Cerrado Encruzado. Razões de sobra para não perder os brancos de vista.
 

"Julia Kemper Branco 2010", in Revista Fugas, 31.12.11
"Nota de Prova - 8 /8,5
Relação Qualidade / Preço - 8 / 8,5
Branco feito no Dão pela advogada Julia Kemper mas comercializado pela Niepoort Projectos. As uvas provêm de vinhas tratadas segundo princípios orgânicos. Num registo marcado pela elegância, sobressai neste vinha uma textura muito sedosa e fresca (mais ácida do que mineral) e um aroma bastante fino que nos evoca o bouquet de sertos vinhos brancos doces (austríacos, por exemplo). São notas delicadas de fruta madura mas com acidez (citrinos, maracujá, alperce) r, como é dito no contra-rótulo, também de flor de laranjeira e até de chá. Muito Bom. P.G."



"Dão - Uma região com futuro", por Luís Ramos Lopes, in Notícias Recheio, n.º 66 - Nov-Dez 2011 - http://www.recheio.pt/pdf/noticias66.pdf
"Em maio deste ano de 2011, a Comissão Vitivinícola Regional do Dão (organismo que rege os destinos da região) resolveu realizar um evento absolutamente inovador em Portugal: uma grande prova dos vinhos da vindima de 2010, a maior parte deles ainda não engarrafados, apresentados em amostras retiradas das barricas de madeira e das cubas de aço inox. O evento chamou-se “Dão Primores 2010” e nele participaram quase todos os produtores da região, que ali foram mostrar a um público formado por jornalistas e, sobretudo, compradores de lojas, hipermercados e restaurantes, o melhor que haviam produzido na última vindima. (...)
singularidade destes vinhos é conhecida desde há muito. E certamente por isso, o Dão foi a segunda região vinícola portuguesa (a seguir ao Douro do Vinho do Porto) a ser demarcada, no já longínquo ano de 1908. Até aos anos 80 do século XX, foi responsável pelos vinhos portugueses mais vendidos no mercado nacional e no estrangeiro. De repente, tudo mudou. Os consumidores começaram a procurar mais qualidade e menos quantidade, e a região do Dão perdeu muito do seu peso interna e eternamente. Para mudar a situação foram necessárias duas “revoluções”. (...) Para assistir à segunda “revolução” seria preciso esperar quase mais duas décadas, quando a esses pioneiros se juntaram muitos outros empenhados nos mesmos objetivos: Quinta da Falorca, Vinha Paz, Pedra Cancela, Quinta do Perdigão, Júlia Kemper, Quinta do Cerrado, Paço dos Cunhas de Santar, Quinta da Fata, Casa de Mouraz, Quinta das Marias, Quinta de Lemos, Quinta da Nespereira, Quinta da Garrida e Vinha de Reis, são alguns exemplos. (...)"


“PARA RESERVAR - Cesce, Julia Kemper Touriga Nacional, DOC Dão 2008 (…) da Wicklow Wine Company, Wicklow Town; wicklowwineco.ie (91)”, in The Sunday Business Post, Irlanda, 6 de Novembro de 2011
"É este tipo de vinho deslumbrante que prova que um bom importador ainda é essencial para haver vinho de qualidade na Irlanda. A produtora de vinho Júlia de Melo Kemper criou um suculento e complexo lote à base de Touriga Nacional. Do rebordo do copo irrompem fortes pinceladas evocando sumarentas amoras maduras e, à medida que mergulhamos no vinho, seguem-se notas de caramelo, toffee, terra, ameixa e couro.
Os taninos são firmes, bem estruturados mas requintados, e sem pico de intensidade: a lembrar que este é, afinal de contas, um vinho proveniente de um clima meridional quente e banhado pelo sol. O final é prolongado, brando e com múltiplas camadas.”
(texto original em inglês)


"As empresas e as quintas de quem toda a gente fala - Julia Kemper: uma mulher determinada", por João Barbosa, in Diário Económico de 29 de Setembro de 2011
"No mundo do vinho em Portugal têm surgido personagens femininas de grande força e presença. Júlia de Melo Kemper é advogada e desde há muito que nutria uma grande paixão pelo vinho, aliás uma tradição de família.
Decidiu recuperar um terreno de 50 hectares na sua Quinta do Cruzeiro, nas Terras de Azurara, no Dão, uma propriedade na posse da família há umas centenas de anos. Como muitas vezes acontece, as partilhas foram dividindo a quinta em parcelas, cada vez mais pequenas. Com dor na alma por ver perder-se um bem e por uma propriedade estar sem uso nenhum, Júlia Kemper avançou para a compra das partes, à volta de 50.
Não sendo uma pessoa natural do setor, Júlia Kemper teve, desde o início, a noção de que queria fazer vinhos de autor, que exprimissem a terra e o clima onde são cultivadas as videiras. Queria um projeto sustentado, tendo escolhido a agricultura biológica.
Em 2008 lançou o seu primeiro vinho, aplaudido pela crítica desde logo. Com a tarefa de o vender, aproximou-se de Dirk Niepoort para a distribuição. Negócio feito, os vinhos de Júlia Kemper passaram a ser distribuídos por uma das mais famosas personalidades do vinho de autor e de nicho ou de boutique, como prefere definir. Os mercados têm-lhe reconhecido as virtudes, com vendas no Reino unido, Bélgica e Alemanha."


Os 50 Melhores Vinhos Portugueses de 2011, por Jamie Goode, in http://www.wineanorak.com/wineblog/portugal/50-great-portuguese-wines-2011, de 6 de Junho de 2011
Realizou-se hoje uma das provas do calendário mais aguardadas (para mim, pelo menos) – a prova dos 50 Melhores Vinhos Portugueses de 2011. A cada ano, um jornalista é escolhido para efetuar uma seleção dos 50 melhores vinhos portugueses, os quais são posteriormente apresentados em provas em Londres, Manchester e Edimburgo (apesar de neste ano não se ter realizado em Manchester). Portugal é um país vinícola tão interessante que as provas tendem a atrair uma boa assistência.
Este ano a seleção foi feita por Tom Cannavan (na foto acima). Tom realizou um ótimo trabalho, com uma seleção de vários vinhos de qualidade. Seleções deste género são muito subjetivas, evidentemente – por exemplo, alguns dos vinhos brancos não são do meu agrado, e alguns dos tintos do Alentejo eram apenas medianos. Apesar disso, voltei mais uma vez entusiasmado com os vinhos variados e deliciosos que Portugal está a produzir neste momento.
Parece tarefa ingrata selecionar os favoritos de uma tão vasta escolha. Mas apreciei verdadeiramente o maravilhoso Dão branco de Julia Kemper (na foto acima), que tem apenas um cheirinho de agradável redução. (…)
(texto original em inglês)


“Escolhemos o melhor do Dão...Primor!”, por Marco Moreira da Silva, in http://www.jornaldevinhos.com/artigo.php?id=512&car=1", de 19 de Maio de 2011
“Decorreu em Viseu, no Solar do Vinho do Dão, uma mostra dos vinhos que vão sair para o mercado nos próximos meses.Trata-se de uma iniciativa pioneira em Portugal e foi um sucesso. Aqui lhe deixamos algumas impressões sobre o melhor que provámos.
Foram cerca de 40, os produtores que arriscaram vir ao Solar do Vinho do Dão, mostrar os vinhos - não sua grande maioria inacabados - que vão para o mercado nos próximos meses. A iniciativa é inédita em Portugal e chamou à capital do Dão uma boa mão cheia de jornalistas e enófilos.
A apresentação da colheita de 2010, uma breve conferencia de imprensa, serviu para o actual Presidente da Comissão Vitivinícola do Dão, Arlindo Cunha sublinhar, desde já o "grande potencial dos vinhos vinhos em adega" que reflectem o patamar de grande qualidade da Região.
A título de curiosidade escreva-se que os produtores ofereceram à CVDão cerca de 20 litros de cada um dos seus vinhos em prova para ser elaborado um vinho que represente a colheita de 2010. Esta "mistura" está a cargo de Manuel Vieira, enólogo chefe da Sogrape, que vai ter uma árdua tarefa pela frente.
O “Dão Primores” contou com a presença de três dezenas de jornalistas e críticos de vinhos e mais de duas centenas de convidados, incluindo personalidades relevantes ligadas ao sector do vinho, como o recém-eleito Presidente da ViniPortugal, Jorge Monteiro, e a Vice-Presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, Edite Azenha, entre outros.
BRANCOS:
JULIA KEMPER : Quase perfeito. Trata-se do esqueleto do arquétipo do vinho branco do Dão da Era Moderna. Quando vir a luz da ribalta vai incendiar paixões.
TINTOS:
JULIA KEMPER - Revela o perfile do criador. Fala pouco. Ainda tímido e introvertido. Deixa antever um sorriso simpático. Mas ... vai arrasar a Festa sem apelo nem agravo. Um tinto com taninos corpulentos, acidez alta, volume a condizer e candidato a estagiar na melhor madeira do planeta. vamos lá ver se ficará tudo no sítio.”
 


“Uma grande descoberta: os vinhos orgânicos Julia Kemper do Dão”, post de 13 de Abril de 2011, in http://www.thewinedetective.co.uk/blog/featured/a-great-find-julia-kemper-organic-wines-from-the-dao/
Sarah Ahmed – A Detective do Vinho
“No mês passado fiz outra fantástica descoberta no Dão – os vinhos de Julia Kemper, da Quinta do Cruzeiro.
Júlia de Melo Kemper, uma advogada de Lisboa, disse-me que a quinta é propriedade da sua família desde há cerca de 400 anos. Adquiriu-a após o pai lhe ter pedido que gerisse a exploração em 2003. Motivada por vívidas lembranças dos tempos de infância passados na quinta com outros membros da sua numerosa família (11 tios e tias e cerca de 50 primos), diz sentir uma estreita ligação com a terra.
Apesar de ter sempre produzido vinho para consumo privado, Kemper propôs-se transformar a propriedade numa empresa comercial, incentivada pelo conhecimento que teve de que um dos seus familiares, Carlos Lucena Ferreira de Almeida de Mello Cabral, concorrera com um dos seus vinhos tintos numa feira de Berlim em 1903, tendo sido aclamado entre os melhores do certame.
A Vines & Wines, empresa que trabalha com muitos dos pequenos produtores da Beira, ajudaram-na a plantar os 15 hectares de vinhas, combinando as castas e porta-enxertos com os diferentes tipos de solo e microclimas da quinta. O especialista francês Daniel Noel e a sua equipa definiram a estratégia orgânica mais correta, e ela afirma ter sido criado “um ecossistema quase perfeito, com uma biodiversidade que se complementa e que, em última análise, minimiza doenças nas vinhas”, a par de um sistema de tratamento de águas residuais para prevenir a poluição. A propriedade tem certificação orgânica.
Apesar de admitir que não é fácil conciliar as exigências da advocacia com a produção de vinho, assevera que “um passeio pelas minhas vinhas quando brilha o sol compensa o esforço de gerir em simultâneo uma quinta e um escritório de advocacia”. E, durante a colheita, Kemper consegue reservar tempo suficiente para estar presente durante o processo de vinificação. Produz os vinhos com a consultoria da Vines & Wines na adega original de 1950, a qual foi também restaurada. Hoje em dia, os lagares em granito nos quais é feita a pisa do vinho tinto foram ampliados com cubas de aço inox. À semelhança de Kemper, os vinhos são elegantes, mas expressivos, com um travo suave a carvalho, uma maravilhosa pureza e equilíbrio de frutos .
Julia Kemper Branco 2009 (Dão)
O aroma com pico de vegetalidade, característico do Dão, não nos prepara para os frutos tropicais e de caroço maduros, redondos e adocicados deste corte 50:50 de Malvasia Fina e Encruzado. Muito pura, presente e fluida, a fruta expande-se sem nunca se impor, sem influências fortes de carvalho ou álcool a subtraírem a sua delicadeza – somente um suave beijo a carvalho, proveniente da fermentação em barril. Contudo, também se aguenta bastante. No segundo dia terminei a garrafa e sabia igualmente bem, o acompanhamento perfeito para pimentos verdes assados, recheados com cuscuz envolvido numa pitada de óleo de malagueta, espinafres, tomate fresco e pequenos pedaços de avelã, cobertos com queijo de cabra local, da Serra da Estrela – magnifique! 13,5%
Julia Kemper Tinto 2008 (Dão)
Este corte de 60% Touriga Nacional, 15% Tinta Roriz, 15% Alfrocheiro e 10% Jaen lembra-me um Loire Cabernet Franc, com o seu nariz e palato cintilante e fresco e uma acidez marcantemente mineral. Na boca, um frutado suave e suculento de ameixa e amora com leves toques de canela, sustentado por taninos maduros, mas presentes. Embora amadurecido durante 12 meses em barricas de carvalho francês, acusa um levíssimo toque a carvalho. Uma maravilha – um vinho super digerível e elegante para ser apreciado sozinho ou à refeição. 13,5%”
(texto original em inglês)


1707 - Julia Kemper 2008 (Branco), in http://osvinhos.blogspot.com/2011/04/1707-julia-kemper-2008-branco.html, de 6 de Abril de 2011
“Região: DOC Dão
Castas: Malvasia Fina e Encruzado
Produtor: Cesce, Sociedade Agrícola, Exploração, Transformação e Comercialização Agrícola, S.A.
Preço: Entre 7.5€ e 10€
Álcool: 13.5%
Enólogo: Julia Melo Kemper
Notas de Prova: Cor palha e nariz muito elegante e fresco, onde as notas minerais aparecem muito bem conjugadas com os citrinos e uma ligeira mineralidade, na boca revela estrutura e um volume assinalável, conta com uma agradável acidez e um paladar frutado e harmonioso, o final é prolongado e persistente.
Classificação Pessoal: ......................................16.5
• Data da Prova: Setembro 2010
Classificação Revista dos Vinhos: ......................16.5
• Data da Revista: Agosto 2010
Rótulo: Na esteira de uma tradição familiar que se repete por muitas gerações, coube-me manter viva a produção do vinho da Quinta do Cruzeiro: situada em Terras de Azurara, trata-se de uma das regiões demarcadas do Dão, com um "terroir" fortemente mineral e grande exposição solar. Num tempo de prioridade ambiental, o meu contributo para esta paixão de séculos foi conseguir uma uva de qualidade superior - mantendo a terra saudável, recorrendo para isso às melhores práticas da agricultura biológica*. Apresento-lhe um "blend" de castas do Dão, onde destaco a Malvasia Fina e o Encruzado, fermentado em barrica de carvalho francês. Julia Kemper. * uvas certificadas em agricultura biológica (3º ano de conversão). Controlo "Certiplanet - PT/AB04".


“Julia Kemper – Um nome a fixar“, in Revista Wine n.º 57, de Abril de 2011
“A história dos vinhos Julia Kemper é de génese recente, muito recente, limitando-se, por ora, a regalar duas colheitas ao mercado, desdobrando-se entre um vinho tinto e um vinho branco, os dois comercializados sobre o epíteto Julia Kemper. Não será muito para assegurar uma biografia alargada ou uma crónica aprofundada que possa assentar num percurso histórico. Admito até que a inclusão numa reportagem que pretende premiar as novas certezas do Dão, as confirmações da excelência da região, possa ser encarada como uma decisão contestável.
Sim, são apenas duas colheitas… mas que duas colheitas! No curto espaço de duas vindimas, os vinhos Julia Kemper, nascidos na Quinta do Cruzeiro, mesmo às portas de Mangualde, conseguiram evidenciar um percurso sério e determinado, impondo a presença de forma notável para um projecto de causa tão recente.
Claro, poderíamos sempre argumentar que a quinta já se encontra na posse da família há mais de 400 anos, data em que surgem os primeiros documentos a situá-la na esfera privada da família. Foi sendo passada de geração em geração, o que, de acordo com o código napoleónico, a foi inevitável e progressivamente emparcelando, dividindo-a em numerosas parcelas dispersas por diferentes mãos. Algumas gerações, porém, conseguiram o feito de voltar a reunir as diferentes parcelas, emprenhando-se para que a quinta se mantivesse una, debaixo de um só proprietário. Foi o caso do avô e bisavô da actual proprietária, Julia Kemper, que se comprometeram a comprar e a reconciliar as múltiplas quintas sob um só estandarte, agrupando 24 antigas quintas e parcelas, todas contíguas, sob a designação original da propriedade, a Quinta do Cruzeiro.
Como quase sempre, quando chegou a vez da actual geração tomar posse, ninguém mostrou especial interesse em tomar conta do legado, em assumir a condução de uma quinta em Mangualde dividida entre cerca de 50 primos e familiares, com vidas feitas nas grandes urbes portuguesas e europeia. Júlia Kemper, porém, refém da ligação sentimental à quinta onde sempre passou férias, ligada espiritualmente ao avô com quem sempre tinha mantido uma ligação especial, não conseguiu resistir ao desafio de manter viva a menina dos olhos do avô. Encheu-se de coragem e num arrebato de entusiasmo decidiu resgatar a Quinta do Cruzeiro da fatal decadência, adquirindo-a aos restantes membros da família. De repente, viu-se com a criança nos braços, sem dominar a arte, sem nunca ter sido agricultora, numa vivência inteiramente urbana dedicada à advocacia. Sabia que teria de fazer algo com os 50 hectares que tinha acabado de recuperar e que o projecto teria, forçosamente, de ser auto-sustentável. Uma decisão nada espinhosa, até pelos antecedentes da quinta. Afinal, na quinta sempre se tinha vinho e a adega imponente estava lá para o atestar. Na verdade, já no ano de 1900, repleto de orgulho e certo da nobreza do vinho, o bisavô de Julia tinha decidido ir de propósito a Berlim, a uma das muitas exposições universais que faziam furor na época, de onde regressou com uma medalha de ouro a atestar da qualidade do vinho da casa! Uma resolução intrépida que atesta do carácter de um homem que viajou até Berlim, numa época onde as viagens demoravam semanas, para ver um vinho medalhado… que nunca teve intenções de comercializar para além do circuito restrito da família.
Portanto, a vinha e o vinho forma a decisão natural para a consagração do projecto de Julia Kemper. Com 50 hectares de terreno para desbravar decidiu ocupar apenas cerca de 15 hectares com vinha, deixando a restante área ocupada com mata e um pequeno olival. Desconhecendo por inteiro os segredos do negócio, e habituada a gerir pessoas, decidiu rodear-se de profissionais competentes na área para a amparar na tarefa. A escolha recaiu, muito naturalmente, na acessória da Vines & Wines, dividida entre a consultoria vitícola de João Paulo Gouveia e a consultoria enológica de Miguel Oliveira e Carlos Silva.
Fez questão, desde o primeiro instante, em adoptar uma agricultura sustentada, uma agricultura biológica consentânea com os valores pessoais e com a herança que tinha recebido das gerações passadas. Numa análise preambular à terra, descobriu-a livre de qualquer contaminação, livre de produtos de síntese… e assim quis continuar, por convicção e por homenagem aos antepassados. A remodelação da adega mostrou-se tarefa dócil, sem necessidade de construção civil pesada, limitando-se a recuperar a antiga adega, quase centenária, de dois andares, aproveitando um declive do terreno, onde o avô já trabalhava com recurso à força da gravidade. Depois de aprontado o primeiro vinho lembrou-se de contactar Dirk Niepoort, antigo colega de escola do marido, procurando uma opinião relevante de fora, um conselho quanto à validade do projecto e à comercialização. A resposta não poderia ter sido mais entusiástica e Dirk Niepoort logo se prontificou a ajudar a distribuir e vender o vinho, dentro e fora de fronteiras, aproveitando a rede pessoal de contactos, enamorado por um vinho elegante e pejado de personalidade.
“Julia Kemper Branco 2008”, por Sérgio Lopes, in http://enofiloprincipiante.blogspot.com/search?q=julia+kemper, de 30 de Março de 2011
Ano: 2008
Produtor: Julia Kemper
Tipo: Branco
Região: Dão
Castas: Encruzado e Malvasia Fina
Preço Aprox.: 9€
Veredicto: Tenho tido agradáveis surpresas provando vinhos brancos do Dão, com a casta encruzado por si só, mas também em blend com Malvasia Fina. É o caso por exemplo do vinho Pedra Calçada, já comentado neste blogue, como um belo exemplar desse blend. Numa recente ida a Peniche, decidi trazer da garrafeira / restaurante "Tasca do Joel" o vinho Júlia Kemper, um exemplar desse blend que ansiava provar há já algum tempo.
Júlia Kemper é o nome da advogada, transformada em produtora, que em certa altura, decidiu organizar as vinhas da família, no Dão, replantando-as e convertendo-as segundo uma orientação biológica.
Júlia Kemper Branco é um vinho feito a partir das Castas Encruzado e Malvasia Fina, em quantidades iguais, vinificado em duas fases. A primeira, com fermentação parcial em barricas de carvalho francês, enquanto que a segunda, em cuba de inox com temperatura controlada.
O resultado é um vinho extremamente elegante onde a componente aromática surge mesclada com a suavidade e complexidade que o estágio em barrica transmite. Um vinho muito fresco e mineral, complexo, com um volume de boca médio, aromas a flor de laranjeira e final de boca persistente.
Original e muito agradável!
Classificação Pessoal: 16,5

“Julia Kemper: ótimo produtor orgânico a caminho do Brasil”
Por Bruno Agostini, in http://oglobo.globo.com/blogs/enoteca/posts/2011/03/18/julia-kemper-otimo-produtor-organico-caminho-do-brasil-369565.asp, de 18 de Março de 2011

“Eu estava conversando com Pedro Pinto, enólogo da Dão Sul, hoje responsável pela produção de azeites da empresa, um grande entusiasta não apenas dos vinhos, mas da gastronomia e das tradições rurais portuguesas, quando repousamos as nossas taças na mesa. Quando fui recolher de volta a minha, vi que tinha errado de copo: foi uma explosão de aromas, pura elegância. Sabia que aquele não era o meu vinho. Foi quando eu descobri Julia Kemper, uma nova produtora do Dão. Joguei o restinho do meu vinho fora, e logo fui apreciar melhor aquela belezura. Ao mesmo tempo, fui fotografar a garrafa. Neste momento fui abordado por uma senhora muito elegante. Era a própria Julia Kemper. Impressionante como o vinho é a cara dela.
- Faço os vinhos da maneira mais natural possível, com colheita manual, pisa a pé, sem produtos químicos. Este é um corte de Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz e Jaen. Desenvolvemos um ecossistema equilibrado: temos todos os parasitas, mas eles não agridem a vinha, porque há equilíbrio natural entre eles. Começamos o projeto em 2003, quando chamamos franceses para consultoria. Replantamos todo o vinhedo. A quinta pertence à minha família há 400 anos e a adega tem um século – diz ela, que produz no total quatro vinhos: um branco comum, um branco reserva e um tinto varietal de Touriga Nacional.
É um belíssimo vinho, que carrega a tipicidade do Dão: concentrado e elegante, com deliciosa acidez e aromas florais evidentes, além de notas de frutas negras e canela, e uma textura incrível. Com certeza tem um longo período de exuberância se bem guardado em garrafa.
Provei ainda o branco durante o jantar. Também gostei muito. Houve na mesa quem achasse que o vinho tinha muita madeira. Eu, não. Feito com Encruzado e Malvasia Fina, é um vinho com notas florais e frutas brancas como lichia e melão, um vinho fresco com notas amadeiradas de baunilha, algo tostado.
Curioso? Não tem problema. Logo, logo os seus vinhos estarão no Brasil. Ele não soube dizer qual é a importadora que está negociando a sua chegada ao país, mas deduzimos que seja a Mercovinho.
Prove e depois me conte.”
 

Os Vinhos de Julia Kemper, Dão, Portugal, por Andrew Barrow, in http://www.spittoon.biz/wines_of_julia_kemper_dao.html, de 13 de Março de 2011
Peguem numa mistura de uvas portuguesas autóctones – todas replantadas há poucos anos na propriedade que herdou – acrescentem um sistema de irrigação de última geração, reconstruam totalmente a adega de 1950 com um moderno e dispendioso equipamento de prensa em aço inoxidável e produzam, depois de um breve envelhecimento, dois dos vinhos mais maravilhosos que eu já bebi.
A propriedade vínica está na família Kemper desde há 400 anos – provavelmente ainda mais – tem-se feito aqui vinho desde sempre. Aproveitando o crepúsculo passeámo-nos por lotes de vinha há muito abandonados, terraços de pedra que agora albergam um emaranhado matagal, lavanda e carqueja num esplendoroso amarelo primaveril.
O terraço superior é onde se concentra a moderna actividade, com um extenso sistema de irrigação que dá suporte a novas plantações de Jaen, Touriga Nacional, Tinta Roriz (Aragonez) e o intrigante Alfrocheiro. Estamos imersos na Natureza selvagem do Dão, uma das regiões subvalorizadas de Portugal. Ao longo da propriedade estendem-se construções delapidadas que foram em tempos casas e armazéns destinados à produção vínica. Neste momento, antevejo potencial para alugueres de férias. Quem poderá resistir a passar umas noites rodeado pela Natureza agreste desta linda paisagem? Pergunto-me se os proprietários já terão considerado essa hipótese.
Foi restaurado um enorme edifício, que alberga lagares em pedra e cubas em betão. As cubas foram limpas, alinhadas, revestidas a aço inox e reduzidas em tamanho para receberem uma colheita menor mas de maior qualidade, e repousam sobre uma prensa dispendiosa e um equipamento de controlo térmico. Tanto a sala como o equipamento cheiram a novo.
Para uma propriedade tão recente, é admirável a qualidade dos vinhos, apenas na terceira colheita, creio eu, nas mãos da renovada gerência. As vinhas são novas, os frutos destinados apenas a duas escolhas – Julia Kemper Tinto e Julia Kemper Branco. Nas colheitas futuras, com a maturação das vinhas, os vinhos deverão ficar maravilhosos. Reflectindo a elegante postura da proprietária, a própria Júlia Kemper, o tinto exsuda estilo e sofisticação.
Uma bordadura de ervas selvagens e textura com cascalho abençoam ambos os vinhos; elementos que qualquer pessoa adora e que são retirados diretamente da paisagem avassaladora e apenas ligeiramente domesticada, embora Júlia Kemper tenha, ao mesmo tempo, conseguido temperar o indomável Dão com o brilho da elegância. O vinho sabe sempre melhor quando saboreado na adega, com vista para as vinhas e a apreciar a paisagem, o que fizemos, ainda que ao cair da noite.
Mais tarde deliciámo-nos com as combinações perfeitas dos vinhos com a comida, numa refeição no restaurante da Casa da Ínsua. O vinho Julia Kemper Branco de 2010 (Adegga / Snooth), um lote 50/50 das castas Malvasia Fina e Encruzado fica soberbo com a especialidade local de polvo. Com fragrância ligeira, equilibrado e elegante, e uma textura e corpo feitos para soberbas combinações com comida.
O vinho Julia Kemper Tinto 2009 (Adegga / Snooth) é extraordinariamente intenso e estruturado, feito essencialmente a partir de Touriga Nacional, à qual se juntam 15% de Tinta Roriz, 15% de Alfrocheiro e 10% de Jaen. Deleitei-me com a exuberante mistura de ginja e frutos pretos, intensificada por uma nota de canela e ervas selvagens, enquanto os outros comensais se deliciavam com o prato de cabrito assado.(…)”
(texto original em inglês)


“Julia Kemper – Uma questão de bom gosto”, por João Afonso, in Revista de Vinhos, Fevereiro de 2011
“A primeira vez que vi o rótulo Julia Kemper fiquei curioso. Nome atraente e comum, o de Julia, junto a um Kemper enigmático. Estrangeiro ou não? Mais uma “inovação” germânica, ou não? Fosse o que fosse, o rótulo simples estava esteticamente conseguido. Apenas um nome sob um florão as letras “JK” sobrepostas, mais uma serrilha no bordo superior… Deve ser bom! Pensei, sem notar que pensava.
Princípios de Janeiro… depois de uma quinta-feira diluviana, o sol matinal esgueira-se entre as nuvens dando cor a um céu ameaçador e aos verdejantes campos de Mangualde que circundam a Quinta do Cruzeiro. Enquanto olhava o bonito panorama e ouvia a voz de João Paulo Gouveia, vi alguém, que poderia ser Julia, sair de um BMW descapotável com capota. Fechou a porta e encaminhou-se ao nosso encontro, alta, bem vestida, elegante! Condiz com o rótulo, conclui.
GENES DE MANGUALDE
Pouco tempo depois das apresentações e cumprimentos, subimos para o jipe de João Paulo Gouveia. É a Vines e Wines que dá a consultoria à viticultura e enologia de Julia Kemper.
Filha de Melo e casada com Kemper, recebeu a quinta após partilhas com o tio Melo. As raízes Melo são dali, de Mangualde. São dali também as memórias de infância e adolescência de todos estes Melos. Eram industriais na área das madeiras, tendo várias fábricas no país e no Ultramar, quando havia Ultramar. Eram a Melo & Companhia. Hoje Julia é advogada e a sua vida profissional e familiar está toda em Lisboa. Mas também aí chegou o apelo da terra.
DE VOLTA AO CHEIRO DA TERRA
“Eu sou completamente urbana, ou pelo menos era, até o meu pai me convencer a cuidar da Quinta. Hoje gosto muito de vir aqui e sabe do que gosto mais? … é dos cheiros…” confessou-nos a anfitriã com uma voz calma, suave, arrastada por um leve sotaque indecifrável.
Nunca tinha pensado cuidar da terra e muito menos fazer vinho. Gostava muito dos vinhos feitos pelo avô. Depois na fase de entrega das uvas na adega cooperativa já não eram tão bons. A quinta sempre esteve fora dos seus projetos de vida. Mas a vida dá voltas e acabou por se apaixonar pela quinta das suas memórias e “sabe que apaixonarmo-nos pela terra é sempre um risco muito grande, porque fica muiiiiito caro” – gracejou.
Não falámos com o contabilista mas pudemos constatar que a casa, a adega e as vinhas são cuidadas com todo o esmero. Claro que há, mas não parece haver preocupações excessivas com poupanças. Como exemplo, a movimentação de terras que criou um lindíssimo planalto (com vista) para plantar Touriga onde antes havia um vale estreito e apertado. “Mas ficou bonito… não ficou?” perguntou-nos Julia. Claro que sim!
UMA QUESTÃO DE BOM GOSTO
É tudo uma questão de bo gosto. E o bom gosto nunca é demais na Quinta do Cruzeiro.
Primeiro visitámos a vinha. Há três parcelas: uma de branco com 1,8 hectares de Encruzado e Malvasia Fina e duas de tinto com 13,2 hectares, metade da casta Touriga nacional e o restante repartido entre Alfrocheiro e Jaen mais um pouco de Tinta Roriz. As vinhas são ladeadas em bordadura por oliveiras antigas (a quinta tem cerca de 1000 de onde se faz algum azeite que irá ser comercializado) e os bordos encimados por roseiras de várias espécies e cores para emparelhar com a cor e tipo de castas. Pormenores…
A adega, toda em granito e muito bem apetrechada, foi sendo construída ao longo das gerações Melo. Tem dois pisos. O de cima tem os lagares que foram recentemente sub divididos. O de baixo, com cubas de inox e cimento e as barricas de estágio. Há também um vibrante e muito gabado tapete de escolha, prensa pneumática, chillers, sondas de temperatura, etc. nada aqui falta. Prevê-se a construção breve de uma cave de barricas contígua à adega que apesar de soterrada será uma espécie de “cereja em cima do bolo”.
EM PROL DO AMBIENTE
A Quinta tem certificação biológica generalizada, não só a vinha, mas todos os aspetos ligados à sua exploração. Faz matéria orgânica e compostagem própria e as mimosas (praga florestal) são preocupação substantiva de Júlia, uma guerra de anos e que está ainda para durar, porque químicos não entram na quinta… “é uma questão de filosofia. É melhor para o nosso corpo, é melhor para a terra, agora o sabor do vinho depende da qualidade da viticultura”, esclareceu a proprietária.
Quanto a isso está tudo assegurado pela Vines e Wines que não gosta de arriscar e tudo é feito com conta, peso e medida.
Como se espera, com todo este rigor, os vinhos são muito bons. Provámos o branco de 2009 e o tinto de 2008 (aliás já provado anteriormente nesta Revista) e amostras de barricas das edições seguintes, e ficou-nos a ideia de que o melhor ainda está para vir.
Os tintos são feitos em lagar com pisa a pé (apesar de serem acompanhados pela última palavra da tecnologia) e os brancos fermentam em cuba e em barrica nova e usada. Por agora andam nas 6.000 garrafas do branco e o dobro de tinto. No futuro próximo querem encher 60.000 garrafas de vinho do Dão de Mangualde que à semelhança de outras regiões assim lucra com o retorno à terra dos seus bons filhos, que mais não seja periodicamente, para tratarem da terra e fazerem, com a sua cultura e respeito pela terra, bons vinhos. Porque tudo na vida, e na Quinta do Cruzeiro de Julia Kemper também, é uma questão de bom gosto.”


“Vinhos Comentados - Julia Kemper Branco 2009 – Dão, Portugal”, in http://www.winereport.com.br/vinhoscomentados/julia-kemper-branco-2009-/1004
“Julia Kemper é advogada. Mas a família fazia vinhos em uma quinta no Dão havia 400 anos. Em 2003, ela resolveu recuperar as vinhas. Contratou uma equipe francesa, arrancou tudo, replantou seguindo os preceitos da agricultura biológica, equipou a adega com o que de mais moderno havia, trouxe enólogos e engenheiros agrônomos experientes e – cinco anos depois – lançou dois vinhos: um tinto e um branco. Este branco é apenas a segunda safra do projeto. E indica que – mantendo o caminho atual – muita coisa boa ainda poderá vir da quinta. Corte de encruzado e malvasia fina, com estágio em barricas de carvalho, o vinho tem boa presença aromática, com notas de flor de laranjeira, nectarina e um toque de tostado. Na boca, tem médio corpo, acidez perfeita e maciez. Falta-lhe um pouco de volume e sobra um pouco da madeira. Mas nada que comprometa o prazer que o vinho desperta e que não possa ser melhorado em safras futuras. Ainda não está no Brasil, portanto, atenção importadores: nasce uma joia no Dão.”


“O Dão de Julia Kemper”, por José António Salvador, in Revista Visão, de 21 de Setembro de 2010
“Julia Kemper Dão 2008 ****/*****
Um dos melhores vinhos brancos do Dão pela sua originalidade e caráter. Elaborado a partir de duas castas, a Encruzado, variedade nobre do Dão parcialmente fermentada em cascos, e Malvasia Fina, vinificada em cubas inox a baixa temperatura. O vinho revela uma grande harmonia, com aromas florais e a tília, proporcionando na boca a sensação de uma intensa e prolongada frescura.
Julia Kemper Dão 2008 ****
este tinto precisa ainda de garrafa, para afinar e atingir, provavelmente, a excecionalidade. Concentrado sem perder elegância, estruturado como os grandes tintos do Dão pode ser apreciado desde já.”

 
“Vinhos biológicos portugueses com medalha de prata no concurso MUNDUSvini BioFach na Alemanha”, in http://www.biologicaonline.com/pt/index.php?option=com_content&view=article&id=421:vinhos-biologicos-portugueses-com-medalha-de-prata-no-concurso-mundusvini-biofachwinners-mundusvini-biofach-&catid=138:agricultura&Itemid=242

“Enólogos, produtores e comerciantes de vinho podem desfrutar de
uma estreia em 2010: NürnbergMesse e a notável Mundusvini International Wine Academy juntaram os seus conhecimentos para apresentar o MUNDUSvini BioFach International Organic Wine Award.
Estiveram a concurso 622 vinhosbiológicos, provenientes de 19 países.
Os vinhos biológicos premiados foram selecionados por um júri de especialistas em conformidade com as regras internacionais.
Os melhores vinhos recebem os prémios “Special Gold”, “Gold” e“Silver”.
De entre os vinhos premiados estão vários vinhos portugueses que obtiveram a medalha Prata. São eles o: Julia Kemper 2008, da Cesce - Sociedade Agrícola, em Mangualde…”


Rubrica Provas, in Revista de Vinhos, 18 de Outubro de 2010
“CESCE
Tinto, Dão 2008
€10,00 - 17,0 valores
Aroma extremamente elegante, lembrando cerejas maduras, especiarias, tudo com delicadeza e sofisticação. Na boca impressiona pela fruta deliciosa e pura, sem grandes concentrações ou excessos, sempre num registo de enorme elegância. Uma autêntica revelação, um vinho marcante pela leveza e frescura.”


“Julia Kemper 2008 Br (Dão)”, in http://purosevinhos.blogspot.com/search?q=julia+kemper, de 2010.10.03
“Mal desperta do curto cativeiro em botelha, este vinho alegra-nos com inebriantes aromas florais, uma lufada inicial de flores silvestres que em menos de 10 minutos evolui para a pêra cozida, o medronho e os citrinos. E claro, como não podia deixar de ser, despontam as fortes sensações minerais. Boca extremamente suave, muito leve e harmoniosa, é um modelo de suavidade, finura, elegância, um vinho muito feminino, terno, deleitoso, quase cândido. Claro que bebê-lo agora é puro infanticídio, mas ao mesmo tempo é uma alegria poder provar um vinho tão generoso nos aromas. Tem uma excelente RQP. Preço: 9€; Média Final: 16,70.”


“Julia Kemper Dão 2008”, in Visão Gourmet – Outono Inverno 2010
“Muito Bom /Excecional
Um dos melhores vinhos do Dão pela sua originalidade e caráter, proporcionando na boca uma sensação de uma intensa e prolongada frescura.”


“Dão K. Dão Kemper Julia Kemper Dão 2008”, in Visão Gourmet – Outono Inverno 2010
“Muito Bom
Este tinto precisa ainda de garrafa, para afinar e atingir, provavelmente, a excecionalidade. Concentrado sem perder elegância, estruturado como os grandes tintos do Dão, pode ser apreciado desde já.”